30 janeiro 2007

22 janeiro 2007

Bruxelas




Às vezes sabe bem recordar. Ciclicamente lembro-me dos tempos em que vivi em Bruxelas, capital da Bélgica, da Europa e da OTAN. Foram três anos que ainda hoje me marcam e que fazem parte daquilo que eu sou. Aos 16 anos, idade em que se fazem os amigos para a vida, tive de partir de Portugal para acompanhar o meu pai na sua missão diplomática na sede da OTAN (ou NATO com as siglas em inglês). Fui a viagem de 2 horas e meia de avião com um nó na garganta e a minha mãe ao meu lado. Era dia 1 de Agosto de 1991. Chegado lá, em vez de deslumbramento por um mundo novo, só sentia raiva e ódio por aquela terra. Achei aquilo que quase todas as pessoas acham de Bruxelas quando apenas lá passam: horrível. Com o passar do tempo aprendi a gostar e a perceber que a capital da Europa tem de ser vivida. Bruxelas não é definitivamente uma cidade de turismo.

Aquilo que mais ajudou a integrar-me foi a Escola Europeia, onde fiz novos amigos, alguns deles até hoje. É uma escola especial aquela. Ali só entravam filhos de funcionários da União Europeia e diplomatas da OTAN, membros da Europa (naquela época eram apenas 12 países). O que me proporcionou conhecer e fazer amizades com colegas de vários Estados. Por incrível que pareça os portugueses que lá andavam identificavam-se sempre mais com os italianos e holandeses. E foi com esses dois povos que fiz mais contactos. E eu fui mesmo um dos portugueses que lidou mais com colegas de países estrangeiros. Sempre gostei de tentar compreender como funcionam as outras culturas. Rapidamente percebi que somos todos muito parecidos, apesar das ideias feitas que temos uns dos outros.

Recordo com saudade uma festa quase nos arredores de Bruxelas, numa casa de holandeses e onde estavam também imensos italianos. Foi nessa festa que comecei a namorar com uma miúda da Toscana, a Caterina, minha colega da escola. A casa parecia uma casa assombrada dos filmes de terror, com torre e tudo, e estava rodeada por um enorme parque. Nessa festa eu era o único lusitano.

Recordo com saudade um nevão gigantesco, que fez parar a cidade. Vinha eu da escola dentro do tram (eléctrico) quando o guarda-freios disse às pessoas para sair porque não dava para avançar mais. Andei mais de dois quilómetros com a neve a cair constantemente. Quando cheguei a casa estava todo branco, mas felicíssimo por ter visto e sentido aquele espectáculo natural.

Recordo com saudade um passeio que fiz sozinho pelo Bois de la Cambre (um dos bosques de Bruxelas), perto de minha casa. Nesse dia encontrei um esquilo-bebé que se deixou apanhar porque estava manco. Levei-o para casa e levei-o para a escola dentro da minha mochila. Passado uns dias, ofereci-o a um amigo holandês, o tal da festa que tinha uma casa gigante com um bosque à volta.

Recordo com saudade uma visita de estudo à Escócia, organizada pelo professor de inglês. Durante 10 dias eu e mais colegas/amigos de várias nacionalidades andámos a fazer montanhismo pelas Highlands. Conheci Edimburgo e o Lago Ness até chegarmos ao destino. Estivemos em bungalows isolados de tudo e de todos, com o mar em frente e os montes atrás de nós. Inesquecível!

Recordo com saudade da semana em que a escola organizou nas férias de Inverno. Fomos esquiar para a Áustria, em Mayrofen, perto de Innsbruck. Fiquei felicíssimo porque em poucos dias consegui esquiar (mal, claro) nas pistas encarnadas. E lembro-me de termos passado pelo Liechenstein. Mal entrámos nesse Estado, já estávamos a sair dele...

Lembro-me que em 1991, Bruxelas recebeu a Europália e que o país convidado desse ano era Portugal. Os belgas andavam loucos... Não faziam a mínima ideia que o nosso país era tão rico. A exposição "Triunfo do Barroco" fez todos os portugueses bastante orgulhosos da Pátria.

Lembro-me que uma das coisas mais fascinantes para mim foi a existência de televisão por cabo, algo que os belgas tinham desde os anos 50 (em Portugal só chegou em 1995). Gravava horas e horas de cassetes VHS com telediscos da MTV. Em 1992 chegou a RTP internacional. Não se pode imaginar a revolução que isso representou, numa época em que a internet era coisa apenas para especialistas. E recordo que os canais de televisão de França (TF1, France 2 e France 3) eram os melhores da Europa. Uma referência até hoje. A meu ver melhores que a tão conceituada BBC.

Recordo como as estações do ano eram vincadas. O Outono com as folhas das árvores amareladas, o Inverno com as árvores nuas, a Primavera com as flores a colorir a cidade e o Verão (chuvoso), mas já com calor. Em Portugal passa-se rapidamente do Verão para o Inverno e do Inverno para o Verão.

Recordo com saudade as gaufres vendidas na rua, as frites com mayonnaise, as famosas moules e os fabulosos chocolates belgas. E nas saídas à noite devo ter provado todas as 1001 variedades de cerveja daquele país. E as noitadas começavam sempre na Casa Manuel, um café luso-espanhol na Grand Place. Mas o mais belo dos cafés era, e deve continuar a ser, o Roi d'Espagne. A Grand Place era sempre o ponto de encontro, nem era necessário marcar nada com ninguém, já que lá estariam amigos ou conhecidos com toda a certeza.

Recordo com saudade as idas ao cinema em Heysel, onde fica também o Atomium e a Mini-Europa. E os passeios pela zona do Sablon, Avenue Louise e Toison D'or. Ali perto o imponente Palácio da Justiça. A zona do Cinquentenário e os seus parques, o palácio real... E não muito longe a sede da Comissão Europeia.

Bruxelas proporcionou-me um contacto mais directo com o coração da Europa. Fez-me sentir mais europeu, sem deixar de ser português. É pena que não se conheça melhor aquela cidade, mas não como turista. Afinal Bruxelas é e será, cada vez mais, a nossa capital.

19 janeiro 2007

Restauros no Convento de Cristo



Boas notícias para a cidade templária:
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou em Tomar que o restauro do Convento de Cristo é uma prioridade da tutela para os próximos anos, prometendo um "plano articulado" de intervenção. "Este é um dos nossos projectos com maior prioridade no âmbito do próximo Quadro Comunitário", afirmou Isabel Pires de Lima durante a assinatura de um protocolo com a CIMPOR para garantir o restauro da Charola do convento. Para a ministra, "não é animador o estado actual de conservação do conjunto" monumental do convento, classificado pela UNESCO nos anos 80. "Estamos perante uma das jóias senão a jóia do património português" e é necessária uma "intervenção coerente e articulada", defendeu Isabel Pires de Lima, que justificou os atrasos nos trabalhos com o custo elevado e a necessidade de estudar o tipo de acções a realizar. Centenas de anos depois de ter sido construído, o convento templário de Tomar é ainda o maior espaço público coberto em Portugal e existem muitas alas por restaurar. O IPPAR já concluiu os estudos necessários pelo que será feito um "plano coerente" de intervenção.

18 janeiro 2007

Jornais diários


Nos últimos anos tem vindo a crescer a ideia (fundada) que a internet e os gratuitos estão a acabar de vez com a imprensa, sobretudo com os jornais diários. A verdade é que o número de exemplares vendidos, assim como as audiências, têm vindo a baixar. Como lutar contra a morte anunciada dos jornais impressos e que nos sujam os dedos? Não vejo nenhuma receita milagrosa, mas há falhas graves que poderiam ser facilmente solucionadas.

1. Não entendo como nenhum jornal se lembrou até hoje de aproveitar o filão que são os imigrantes. Que tal as secções de Internacional começarem a falar mais do Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique... Existem mais de 300 mil brasileiros no nosso país, ávidos de receber notícias da sua terra. O Brasil merecia uma página diária, criando-se, para isso, uma sub-secção no Internacional. É um nicho de mercado a aproveitar...

2. As secções Regional, País, Cidades, Local ou o que lhe quiserem chamar, dão imensa atenção à Grande Lisboa e Grande Porto, esquecendo quase totalmente (excepção feita ao JN) o resto do País. Esquecem-se que a maioria das pessoas que vivem nas duas maiores cidades e seus arredores são oriundas de Trás-os-Montes, Alentejo, Beiras, Ribatejo... e que desejam saber o que se passa nas suas terras de origem. Sobretudo porque não vivem nas terras que os viram nascer. É assim tão complicado e tão caro ter um correspondente por capital de distrito e mais algumas cidades de alguma importância?

3. Um jornal com um bom e completo suplemento de cultura tem mais leitores. está mais que provado! Quem se interessa por cultura, gosta de ler e tem apetência para comprar jornais. E não falo apenas de notícias culturais para elites. Terá de ser um suplemento completíssimo, que o leitor guarde para usar durante toda a semana. Isso inclui a programação televisiva para sete dias, cinemas em todo o País, todas as peças de teatro desde as do D. Maria II até à peça amadora de Freixo de Espada a Cinta... Um sumplemento que seja fundamental e uma referência!

4. Um jornal diário não pode viver das notícias que passaram no dia anterior na tv, sobretudo quando tem pouco espaço para textos, que é a tendência dominante. Por que vou comprar um jornal que me diz o mesmo que eu vi ontem na RTP, SIC ou TVI? A aposta é e deverá ser sempre: reportagens de fundo. E no que toca às notícias que todas as pessoas já viram há que dar enquadramento, explicar os pormenores. Dar ao leitor o que os canais de tv não deram. Há falta de espaço? Que se arranje... Um leitor de jornais gosta de ler e não compra um jornal para ver bonecos. Não entendo como é que as cabecinhas brilhantes dos media em Portugal ainda não perceberam isto.

5. Outra coisa que não entendo é por que razão as secções Sociedade têm montanhas de textos com conferências e debates... Não há leitor que aguente... Uma boa secção de Sociedade tem de dar, cada vez mais, muito espaço a temas como a Ciência e Tecnologia. Outra área importantíssima e que tem leitores em crescendo é o Ambiente.

6. O Desporto é sempre uma secção mal-amada em muitos jornais... É um erro crasso...

7. Um jornal que tenha um suplemento semanal de viagens terá uma mais-valia considerável. Os portugueses adoram viajar ou ler sobre locais de descanso, mesmo que nunca venham a pôr lá os pés...

Estas são apenas algumas ideias, se calhar idiotas e desprovidas de fundamento, mas é a minha opinião. Os jornais diários têm que deixar de olhar para o seu próprio umbigo e os jornalistas apenas para o seu computador...

13 janeiro 2007

Terminou uma semana de jantares



O jantar de quarta-feira em casa do meu amigo Manuel, foi o culminar de uma semana de convívio à volta da mesa. Domingo com os meus pais, segunda-feira com o Filipe Escobar e Rita e terça-feira com a Rita e o Rui (fotos).

08 janeiro 2007

Classificação Expresso das melhores cidades portuguesas para viver em 2007


O jornal Expresso decidiu fazer um estudo jornalístico para classificar as 50 melhores cidades, segundo 20 critérios. Eis o resultado:
1º Lisboa
2º Guimarães
3º Évora
3º Porto
4º Aveiro
5º Angra do Heroísmo
5º Coimbra
6º Ponta Delgada
7º Vila Real
8º Braga
9º Beja
10º Figueira da Foz
10º Vila do Conde
11º Viana do Castelo
12º Elvas
12º Tomar
13º Funchal
14º Covilhã
15º Lagos
16º Faro
16º Tavira
17º Matosinhos
18º Barcelos
18º Viseu
19º Setúbal
20º Caldas da Rainha
21º Peniche
21º Portalegre
22º Espinho
23º Amarante
24º Horta
25º Leiria
26º V. N. Gaia
27º V. Real de Sto. António
28º Bragança
28º Mirandela
29º Chaves
30º Santarém
31º Silves
32º Torres Novas
33º Lamego
34º Almada
34º Castelo Branco
35º Guarda
36º Fundão
37º Seixal
38º Abrantes
38º Portimão
39º Barreiro
40º Amadora

Alguns dos valores dos critérios dados às cidades, que aqui não exponho, são duvidosos, mas no geral concordo com o resultado. Parabéns Lisboa, Guimarães e Évora. E já agora à minha cidade emprestada: Tomar, que não ficou nada mal classificada, à frente de 11 capitais de distrito, sendo "melhor" que as outras cidades do Ribatejo: Santarém, Torres Novas e Abrantes.

07 janeiro 2007

Avô


Não sei bem porquê, mas nestes dias festivos que passaram lembrei-me recorrentemente do meu avô materno. Eu ia fazer 10 anos quando morreu, em 1985, mas a sua presença e, sobretudo, o seu exemplo manteve-se até hoje. Manuel de Matos Gomes foi um homem que simpatizava com Salazar, era hiper-católico e foi militar. Não me revejo em nenhuma destas opções, mas revejo-me, e muito, no seu carácter, na sua bondade, no seu altruismo e na sua honra. Nasceu em Vila de Rei, muito perto do centro geodésico de Portugal. Foi numa das suas missões nos Açores que conheceu a minha avó, uma faialense nascida nos Estados Unidos. Todos os dias passava na quinta onde ela vivia e todos os dias lá estava ela... Tanto passou que a conquistou. Tempos mais tarde teve de voltar para o Continente, mas já com casamento marcado. Foram viver para Tancos, onde o meu avô cumpria a sua carreira militar. E foi ali perto, na Barquinha, que nasceram os seus três filhos. Depois houve que escolher uma cidade onde viver e poder educar os seus filhos com mais condições. O meu avô deu três hipóteses à minha avó: Coimbra, Abrantes e Tomar. A minha avó excluiu Coimbra por ser demasiado longe, excluiu Abrantes por achar uma terra com uma mentalidade muito tacanha e escolheu Tomar por achar uma cidade bonita, ter um colégio bom (Nun'Álvares) e ter comboio directo para Lisboa. E foi em Tomar que se radicaram e educaram os filhos. Mais tarde, a minha bisavó (mãe da minha avó) ficou viúva, vendeu (mal dizem os filhos) todos os bens dos Açores e juntou-se à filha em Tomar. O meu avô e a minha bisavó passaram a tratar de tudo na vida dos filhos e das finanças caseiras. Um dos filhos ingressou na Academia Militar e foi para a guerra colonial, uma filha tirou um curso para educadora infantil e a outra (minha mãe) um curso de assistente social. Depressa os filhos sairam de casa. Já na reforma tornou-se ainda mais religioso e entrou para a Ordem Terceira de São Francisco de Tomar e numa associação católica de ajuda a necessitados. Aí ajudou de várias formas, incluindo monetária, muitas pessoas da cidade templária. É desse tempo que o recordo. Como vivi dois anos em Tomar, em casa dos meus avós (porque o meu pai, também militar, esteve em Santa Margarida), lembro-me que me levava à escola, contava-me muitas histórias e adorava estar comigo. Era um homem calmo, correcto e de um carácter nobre. Morreu um dia depois de ter carregado uma cruz de madeira.

03 janeiro 2007

Uma noite bem passada com colegas/amigas








Um jantar com entrada de queijos e prato principal de massa "à moi", tudo bem regadinho com Monte Velho... e muuuuuita conversa até às 4 de la matina... Mas a estrela da noite foi mesmo a Estrela Maria!

01 janeiro 2007

A minha festa de fim de ano III



Ainda houve alguma energia para dançar, com a gata a espreitar...

A minha festa de fim de ano II



Comi tanto que só conseguia estar sentado... e na conversa.

A minha festa de fim de ano I



Em casa da minha prima foi preparada uma mesa cheia de coisas boas...