25 novembro 2007

Antes de partir








Para fazer uma comparação com o que eu penso antes de lá estar e a ideia que irei ficar do Rio de Janeiro quando voltar, vou comentar o que penso neste momento daquela cidade da maior ex-colónia portuguesa. Acho que vou encontrar uma cidade cheia de contrastes, típica de um país do terceiro mundo. Irei perceber que existem pessoas muito ricas e outras (a maioria) que vivem na miséria, onde a classe média praticamente não existe. Ao lado de hotéis de luxo e apartamentos modernos estarão enormes favelas, onde vive a maior parte da população carioca. Vou encontrar uma cidade violenta, onde não se pode sair com roupa de marca, porque podemos ser assaltados, onde não se pode andar sozinho a pé, porque se pode ser agredido. Para um europeu deve ser complicado circular no Rio de Janeiro sem preocupações, como se faz aqui no Velho Continente. Não se pode andar com muito dinheiro na carteira, ou melhor, nem se deve andar com uma carteira. É uma cidade onde se tem que ter muito cuidado para atravessar as ruas, mesmo nas passadeiras, porque os condutores não cumprem o código da estrada e não páram. E uma cidade onde as pessoas se vestem mal. Mas nem tudo pode ser mau... penso que irei encontar um povo simpático (nós europeus somos mais frios), uma cidade com belas paisagens (se não olharmos para as favelas), onde se deve comer e beber bem e com belas praias. Quando voltar direi se estas ideias estão certas ou erradas...

Despeço-me de Lisboa...


Esta segunda-feira (amanhã) lá vou eu para o outro lado do Atlântico. Cerca de nove horas de viagens para voar até ao Rio de Janeiro, naquela que vai ser a minha segunda viagem ao terceiro mundo (a primeira foi a Angola). Eu sei que é idiota, mas tenho sempre pena de deixar Lisboa...
Foto de Aires dos Santos, retirada do sítio TrekEarth.

22 novembro 2007

Vila Real, a cidade rural







Fui no fim-de-semana passado à capital de Trás-os-Montes para uma festa familiar. Desde pequeno que lá vou e aquela zona do País faz parte da minha vivência, apesar de no meu sangue não correr uma gota nortenha. A minha ligação familiar prende-se àquele local apenas porque uma tia minha ribatejana casou com um transmontano. Sempre que lá vou (normalmente uma vez por ano) sinto que vou a um sítio distante e afastado de tudo, preconceito esse que se deve aos tempos em que se demorava um dia inteiro para fazer as péssimas estradas que ligavam a capital do País a Vila Real. Hoje em dia esta viagem demora cerca de três horas e meia, caso não haja trânsito a mais.
Nos nossos dias, sinto que Vila Real continua a ser uma cidade rural. Apesar de todos os disparates urbanísticos de que foi alvo nos últimos 10/15 anos, a capital transmontana continua a cheirar a campo em todo o lado. Nem os prédios ao estilo Cacém e Damaia e o centro comercial a imitar uma nave espacial conseguiram mudar aquele encanto de estarmos numa cidade que cheira a terra.
Para quem não conhece Vila Real, aviso já que é uma cidade feia e quase incaracterística. Tem pouco a oferecer ao turista, tirando duas ou três igrejas antigas e o Solar de Mateus nos arredores. O encanto de Vila Real vem do Marão e Alvão e dos seus habitantes. Apesar dos prédios estilo Massamá, as pessoas são fisicamente transmontanas e cheiram a campo apesar dos perfumes que compram no "shopping" lá da terra (os vilarealenses dizem "shopping" porque acham mais moderno que dizer centro comercial). Aquela pronúncia de Trás-os-Montes não é demasiado carregada em Vila Real, caso não se irritem, e dá encanto a essas pessoas campestres que vivem na cidade. O grande defeito dos vilarealenses é terem vergonha de serem de Vila Real e de Trás-os-Montes. Isso nota-se muito quando falam com um lisboeta como eu. As conversas vão dar sempre ao que já existe na cidade: "Agora já temos um "shopping", "a nossa universidade tem muitos alunos", "A auto-estrada já cá chega", "Já temos prédios com mais de dez andares". Este tipo de frases denota complexos e uma ideia de desenvolvimento totalmente errada. Acho que a maioria das pessoas devia ir mais a Évora e tentar perceber como não se destrói uma cidade. Hoje em dia os vilarealenses vivem numa terra parecida com o Cacém, que ainda tema a sorte de ter belas paisagens à volta. Os vilarealenses deviam perceber que o desenvolvimento e o progresso está mais nas mentalidades abertas e nos estilos de vida descontraídos e muito menos nos tais "shoppings" e auto-estradas. Até porque podem ter tudo isso, mas nunca deixarão de ser transmontanos e deixar de viver numa cidade rural, que poderia ter ainda mais encanto se não tentassem ser algo que nunca serão.

15 novembro 2007

Lisboa a subir...


Mais um recanto da nossa capital. Às vezes parece que não sabemos dar valor ao que temos e têm de ser os estrangeiros a fazerem-nos abrir os olhos para a nossa terra.
Foto de Petra Boruvkova, retirada do sítio TrekEarth.

O amor deveria ser quando e onde alguém quiser...






Fotos retiradas do blogue Circo Voador.

12 novembro 2007

Já era tempo de algo começar a mudar


«A Câmara de Lisboa vai instalar bandas redutoras de velocidade e pintar cinco novas passadeiras na Baixa e repintar outras seis em zonas comerciais para aumentar a segurança rodoviária na cidade. Estas intervenções fazem parte da Operação Natal - Cidade Limpa e Segura, que contempla ainda um plano de limpeza das zonas da cidade com maior concentração de pessoas por causa das compras de Natal e um plano específico de lavagem de passeios.

No âmbito destas intervenções vão ser ainda reprogramados os semáforos para limitar a 50 quilómetros/hora a velocidade máxima de circulação numa área que abrange a Avenida da Liberdade, Rossio e Baixa Pombalina.

A Operação Natal - Cidade Limpa e Segura implica um acréscimo de custos para a autarquia na ordem dos 48 mil euros, um aumento que o presidente da Câmara, António Costa, considera "importante", apesar de apenas abranger algumas zonas da capital. "É um esforço acrescido numa altura de muita dificuldade financeira, mas é importante nesta época, porque assim também se apoia o comércio. Não podemos fazer tudo num dia e por isso definimos estas prioridades", disse António Costa, referindo-se às zonas escolhidas para a operação de limpeza. "Começámos por pintar as passadeiras junto às escolas, agora investimos nas zonas comerciais por causa do Natal e futuramente serão os bairros históricos. Passo a passo vamos melhorando a cidade", acrescentou.

O plano de limpeza de passeios, que conta com a colaboração da Unilever, abrange várias zonas da cidade, entre as quais a Baixa-Chiado, Mouraria, Alfama, Príncipe Real, São Bento, Rato, Amoreiras, 24 de Julho, Campo de Ourique, Saldanha, Praça de Londres, Benfica, as estações do Cais do Sodré e de Santa Apolónia, os terminais de transportes do Campo Grande e de Sete Rios e sete estações de metro.

Já o plano de limpeza "Época Natalícia" envolve as áreas da Baixa-Chiado, Avenida da Liberdade, Avenida de Roma, Saldanha, Praça de Londres, Avenida João XXI, Almirante reis, Guerra Junqueiro, Morais Soares, Colombo, Amoreiras e Fonte Nova.

Depois de apresentada a Operação Natal, António Costa seguiu com a comitiva para a Praça do Rossio, onde seis trabalhadores da autarquia mostraram como vai ser limpa a calçada de Lisboa. "Esta zona tem de ficar um brinquinho. Isto é um cartão de visita da cidade", disse António Costa ao director municipal de Ambiente Urbano, enquanto os trabalhadores escovavam a calçada frente à fonte na praça do Rossio para mostrar que afinal toda a praça tem o desenho das ondas no chão. "Já estão a começar a aparecer as partes brancas", notou António Costa, enquanto seguia o trabalho dos seis funcionários da limpeza que lavavam a calçada sob o olhar atento de vários turistas que aproveitavam para tirar fotografias.»

Notícia Lusa

Sempre defendi que é pela base que se deve iniciar a requalificação Lisboa. Melhoramento dos pisos, limpeza de ruas e fachadas é o verdadeiro trabalho de uma Câmara e não projectos megalómanos que só a endividam. Não se entende como é possível uma capital europeia ter ruas e passeios desfeitos e edifócios a cair. Ago parece estar a mudar. Este é o caminho, a ver vamos se prossegue...

E esta hein?


«Quatro elementos da administração geral chinesa do Desporto e dois responsáveis pela certificação de qualidade no país visitam, esta terça-feira, o Complexo Desportivo de Tomar para conhecer os processos de acreditação, tendo em vista os Jogos Olímpicos de Pequim.
"É mesmo por isso que vêm cá", afirmou à Lusa a chefe de divisão de Desporto da Câmara Municipal de Tomar, Diva Cobra, justificando que os responsáveis, da tutela do Desporto do governo chinês, pretendem conhecer "o processo de certificação de qualidade no âmbito dos Jogos Olímpicos de Pequim".
Segundo Diva Cobra, a delegação visitará, durante a manhã, o complexo desportivo tomarense (piscinas, courts de ténis e squash), que foi o primeiro em Portugal a ser "certificado na qualidade dos serviços", em 2004, prosseguindo, à tarde, a visita aos espaços recentemente construídos pela autarquia - estádio e pavilhão.
Tomar servirá de "exemplo no procedimento" da certificação dos serviços, mas "não nas instalações", frisou a responsável, acrescentando que esta será uma "visita de trabalho", em que a delegação poderá "consultar dossiers, questionar e conhecer o modo de trabalho".
A visita ao complexo tomarense surge depois de a administração geral chinesa do Desporto ter solicitado à empresa de certificação Sociedade Geral de Superintendência (SGS ICS) a visita a um exemplo de boas práticas e qualidade no desporto.»

Notícia Lusa

09 novembro 2007

É isso mesmo VPV!


«Por bondade

Quando a imprensa inglesa e americana anuncia que a proibição de fumar em restaurantes não teve efeitos visíveis na saúde pública, em Portugal essa mesma proibição entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2008. O que me espanta nisto não é a extravagância do acto em si. Duas coisas me parecem muito piores. Em primeiro lugar, a facilidade com que em todo o Ocidente o Estado resolveu intervir na vida privada de cada um e negar radicalmente o direito de propriedade (impedindo, por exemplo, que se criem restaurantes de fumadores), sem um protesto sério em parte alguma. Em segundo lugar, a rapidez com que o fumador foi socialmente estigmatizado e o vício de fumar (há 20 anos, normal e aceitável) se tornou quase o que era antigamente uma blasfémia, uma profanação ou uma heresia.
Isto não anuncia nada de bom. Por um lado, porque fatalmente à campanha contra quem fuma se vai seguir a campanha contra quem bebe e a campanha contra quem come o que não deve ou come demais. E talvez, mais tarde, a campanha contra o “sedentarismo” e a falta de exercício. Não custa nada argumentar com as doenças que o álcool e a gordura provocam(tantas como o tabaco), ou retirar do mercado “produtos de risco”, ou vigiar o que os restaurantes servem. Por outro lado, já se viu que o poder do Estado para converter a populaça ao objectivo tenebroso de “melhorar o homem” é hoje ilimitado. A metamorfose das democracias do Ocidente em totalitarismos de uma nova espécie não incomoda ninguém. Não uso a palavra descuidadamente (não uso, de resto, nenhuma palavra descuidadamente): para Hitler (que não fumava, nem bebia), o alemão perfeito não andava muito longe do perfeito espécime do Ocidente contemporâneo.
Imagino muitas vezes quem, de facto, quererá este mundo sufocante e asséptico, obcecado com a “saúde”? Gente, como é óbvio, com pouca imaginação. Por mais forte que seja o culto e a idolatria do corpo, a velhice chega. E, com ela, a irrelevância, a obsolescência, a solidão. Esta sociedade de velhos trata muito mal os velhos. A ideia (e a propaganda) de uma adaptação contínua é uma grande e cruel mentira. Os velhos são um embaraço. Um peso que se atura, que se arruma num canto, que se mete num “lar”. Setenta anos de esforço para durar acabam num limbo à margem da verdadeira vida, quando não acabam no sofrimento e na miséria. O Ocidente está a criar um inferno.
Por bondade, claro»

Crónica de Vasco Pulido Valente, publicada hoje no jornal Público.

Não podia estar mais de acordo. O fanatismo anti-tabaco pode bem ser o início de outros fanatismos ainda mais graves. A nossa sociedade Ocidental, assim, não está a ir pelo bom caminho.