Um mês e meio depois de estar a viver na Lapa, sinto-me quase como se nunca tivesse morado noutro sítio. Parece estranho, mas identifico-me muito com esta zona de Lisboa. É um bairro/freguesia que tem de tudo e todo o tipo de pessoas. Desde as mais simples e genuínas, passando por gente de classe média, pelas mais queques e pretensiosas, até às da mais alta classe social (que se recusam a aparecer em revistas cor-de-rosa por ser a coisa mais possidónia do mundo). Mas há uma coisa que todos têm em comum: são do mais civilizado que há por esta nossa capital. Eu já vivi em tantos lados que já me é fácil adaptar a novas casas. Parede (5 anos), Mafra (1 ano), Tomar (2 anos), Mem-Martins (8 anos), Bruxelas (3 anos), Carcavelos (10 anos), Lisboa-Avenidas Novas (2 anos) e agora Lisboa-Lapa foram os locais por onde passei. Por incrível que pareça Tomar e Bruxelas foram as que mais me marcaram, apesar de, no total, terem feito parte da minha vida apenas 5 anos. Isto não contando com Lisboa, que é a cidade que mais adoro. Depois deste parêntesis voltemos à Lapa... Como estava a dizer, este bairro reúne tudo e mais alguma coisa, o que o torna bastante agradável. Apesar das diferenças sociais entre as pessoas que aqui moram, todas convivem em harmonia. E esta palavra define bem esta zona e suas as gentes. O que me agrada muito. Comparativamente com as Avenidas Novas, onde vivi até há mês e meio, a Lapa parece ser mais civilizada e, ao mesmo tempo, mais cool. Para os lados da Avenida de Roma, as pessoas são mais conservadoras no mau sentido. De nariz mais empinado, a maioria sem razão para isso, e mais antipáticas. Tanto moradores como comerciantes. Por outro lado, as Avenidas Novas tiveram o seu auge nos anos 60 e 70 e hoje em dia o bairro tem um ar mais decadente. Muitas pessoas idosas, com muito bom aspecto, diga-se em abono da verdade, e novos-ricos que, ao mínimo deslize, lhes salta a tampa e estala o verniz... Por outro lado, parece que a maioria dos moradores ou são velhos ou são crianças. Nota-se um hiato das gerações entre os 30 e os 60 anos... algo que sempre me fez alguma confusão enquanto lá estive. Apesar disso, tenho a dizer que gostei muito daquela zona e que é uma das melhores de Lisboa, para que não restem dúvidas. Na Lapa, sinto que há uma atmosfera diferente. É um bairro mais alegre e com muita vida. Depois tem outra vantagem: não é ponto de passagem. Só aqui vem, quem quer, propositadamente, cá vir, exceptuando a Calçada da Estrela, que é uma rua muito movimentada. Agora a minha casa: Nunca tinha vivido numa casa tão pequena, mas estou a adorar. Tem muito boa onda... e sinto-me bem aqui. A sala tem bastante luz e é alegre, o quarto ainda tem mais luz, apesar de se tornar bastante quente nos dias de muito calor, a cozinha é prática e arrumação não lhe falta... Sabe-me bem acordar aos fins-de-semana, abrir o estore da sala e deixar entrar esta luz única de Lisboa. Sentir que a cidade já mexe lá fora. Depois é comer qualquer coisa, tomar banho e arranjar-me para ir à rua tomar um pequeno-almoço decente. A melhor opção é ir ao Jardim da Estrela, que é uma dádiva do Marquês de Tomar, o homem que decidiu implantá-lo ali. Lá existe um café com esplanada, que dá para apanhar sol, olhar para aquelas árvores centenárias e ler o jornal... Nada mais relaxante... A seguir sabe bem ir dar uma volta pelo bairro, passar pelas lojas, ver as pessoas de um lado para o outro, tomar atenção ao que fazem, o seu estilo de vida... Depois é voltar a casa e pegar no comando da tv ou ligar a amigos para ir a outra zona da cidade, porque Lisboa tem muito mais para oferecer para além da muito simpática Lapa.
