11 setembro 2006

11 de Setembro


Hoje assinala-se o 11 de Setembro de 2001. Cinco anos após os atentados terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono o mundo está ainda mais inseguro. Mas isso é outra história...
Precisamente quando os aviões se despenhavam contra as torres gémeas de Nova Iorque, eu estava num avião, mas a caminho da Dinamarca. Por razões profissionais, fui destacado para acompanhar o Sporting, que ia ter um jogo com o Halmstads (já nem sei se é assim que se escreve) a contar para a Taça UEFA. Quando cheguei ao aeroporto dinamarquês liguei, como era meu costume, para o meu jornal a fim de saber que espaço ia ter para escrever a crónica do jogo. A minha colega, que sempre teve o hábito de brincar com as situações - muitas vezes dizia que podia voltar do sitio onde estava porque não precisava de escrever nada... -, começou logo a contar-me que dois aviões se tinham despenhado em Nova Iorque e outro em Washington. Eu pensei que ela estava no gozo, mas de repente ouço as conversas telefónicas dos jogadores de Alvalade: "World Trade Center", "aviões", "atentado"... Não podia ser um complô do Sporting e do meu jornal para gozarem com a minha cara. Efiei-me no autocarro que nos levaria ao estádio onde os leões iam jogar e no bar vi as primeiras imagens do atentado. Não percebia nada do que diziam porque era a televisão dinamarquesa que estava ali sintonizada, mas tudo aquilo me parecia um filme de Hollywood.
Três anos antes eu tinha subido ao World Trade Center, em Nova Iorque. Fui de noite e a vista era deslumbrante. Como era possível que tudo aquilo tivesse desaparecido? Lembro-me que a minha crónica sobre a ida do Sporting à Dinamarca falava mais de Nova Iorque que propriamente do treino. Falava das emoções ali vividas pelo grupo e que quando estavamos no ar, outros aviões estavam a rebentar com duas torres e a matar milhares de pessoas... Claro que nessa noite fomos informados que o jogo ia ser adiado. Voltámos no dia seguinte para Lisboa. A sensação de entrar novamente num avião foi estranhíssima. Pensei mil vezes naquelas pessoas que estavam nos aviões que se despenharam nas torres gémeas e no Pentágono. No que sentiram minutos antes do embate fatal. Mas a imagem que mais me marcou nesse dia foi a do homem que se atirou de uma das torres para não morrer queimado. Um homem que teve de escolher entre duas formas de morrer.
Na semana seguinte voltei à Dinamarca para fazer a crónica do jogo. Numa semana fui duas vezes àquele país e andei quatro vezes de avião. Pelo menos deu para perder algum do receio que aquele atentado causou. Cinco anos depois, quero dizer que aquelas imagens ainda me marcam e que mudaram a minha forma de ver o mundo.

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