Cartaz de 1981
A Festa dos Tabuleiros, que decorre de quatro em quatro anos em Tomar, entra hoje na sua fase mais visível e que culmina dia 8 com o cortejo de 600 tabuleiros num percurso de quase cinco quilómetros. António Paiva, presidente da Câmara de Tomar, disse que a cidade se está a preparar para receber, no próximo fim-de-semana, meio milhão de visitantes, tendo o Presidente da República como convidado especial do grande cortejo.
A preparação da Festa dos Tabuleiros ou do Divino Espírito Santo, uma das manifestações culturais e religiosas mais antigas de Portugal, começa com um ano de antecedência, cumprindo um conjunto de rituais precisos, iniciados com a chamada do povo à Câmara Municipal para se decidir se se faz ou não. Tomada a decisão, assinalada com três foguetes, e escolhido o mordomo, a festa começa a ser preparada, pois exige angariação de fundos, a realização de várias cerimónias tradicionais ao longo do ano, a confecção de flores (durante mais de seis meses), tanto para ornamentar os tabuleiros como para enfeitar as ruas da cidade.
As ruas ornamentadas vão ser abertas ao público na próxima sexta-feira à noite, seguindo-se ao cortejo do mordomo ou dos bois do Espírito Santo agendado para o final da tarde desse dia, altura em que começam a afluir a Tomar os numerosos visitantes.
Os bois, ainda enfeitados, deixaram de cumprir a função inicial, de contribuir para a Pêza, provindo dos talhos a carne que, juntamente com o pão e o vinho, é oferecida aos mais carenciados na manhã de dia 9.
O "cortejo dos rapazes", tradição suspensa desde 1892 e retomada em 1991, envolve as crianças dos jardins-de-infância e escolas do primeiro ciclo do concelho, que "recriam" o cortejo dos adultos, levando as meninas os vestidos brancos com fita de cor à cintura e a tiracolo e na cabeça a rodilha onde assenta o tabuleiro que deve ter a sua altura.
Os rapazes trajam calça preta, cinta preta, barrete preto no ombro, camisa branca e gravata habitualmente da cor da fita da menina, de acordo com a descrição que surge no site: www.tabuleiros.org.
"A Festa é do Tabuleiro, que deve ter a altura da rapariga que o leva à cabeça, sendo constituído por trinta pães enfiados em cinco ou seis canas que partem de um cesto de vime ou verga e é rematado ao alto por uma coroa encimada pela Pomba do Espírito Santo ou pela Cruz de Cristo", lê-se no historial da festa.
A festa começa de facto no domingo de Páscoa com o cortejo das coroas, que percorre o itinerário do cortejo dos tabuleiros, seguindo-se mais seis saídas de coroas, perfazendo o número perfeito da Igreja católica (sete), antes da Festa dos Tabuleiros.
As ruas de Tomar são neste dia decoradas com colchas coloridas nas janelas e o chão com verdura, lançando o povo flores à passagem do cortejo.
Sendo uma festa de "acção de graças" e de oferendas, a festa tem mantido a tradição da Pêza, distribuição de pão e carne (mais recentemente também vinho) pelos mais carenciados. Notícia Lusa
