25 abril 2007

25 de Abril, sempre!
















Sempre confundi o dia dos meus anos com as comemorações da revolução dos cravos. Nasci um ano depois, quando se realizaram as primeiras eleições livres em Portugal, no Chiado, em Lisboa. Ali perto, no Largo do Carmo, em 1974, cenário maior do Dia da Liberdade, Salgueiro Maia foi o principal intérprete da restauração democrática. Dele, lembro-me anos mais tarde num almoço dos Antigos Alunos do Colégio Nun'Álvares de Tomar, ao qual fui com a minha mãe. Lembro-me que os meus pais falaram com ele e que era um homem com um ar duro, mas com uns olhos serenos. Desde a minha infância, convivi com cravos encarnados nos meus anos, como se aquele símbolo me pertencesse por inerência. Sem qualquer consciência política na altura, recordo que a minha mãe via os discursos solenes na Assembleia da República pelo televisor. E eu achava piada ver uns senhores engravatados com um cravo na lapela. Mais tarde, a minha mãe explicou-me o que significava o 25 de Abril e que tinha estado nesse dia no Largo do Carmo. Que tinha orgulho por eu ter nascido precisamente um ano depois. Soube que o meu tio foi um capitão de Abril e lembro-me que automaticamente fiquei a gostar ainda mais dele. Passei a olhá-lo como um dos heróis que mudou o País. Fui crescendo e o 25 de Abril tornou-se na minha cabeça o dia em que Portugal acordou de 48 anos de uma noite triste, chuvosa e trágica... para renascer livre, democrático e alegre. Apesar de não ter vivido esse dia e os que lhe seguiram em 1974, sinto que passei por lá. Às vezes parece que vi as chamites chegar a Lisboa, que estive no Terreiro do Paço, no Rádio Clube Português, no Largo do Carmo, nos estúdios do Lumiar da RTP. Tantas foram as histórias que ouvi e vi, que aquela data se tornou uma realidade da minha vida. Muitas vezes me emocionei com Grândola, Vila Morena e E Depois do Adeus, e também com imagens de época, em que vi todo um povo unido nas ruas a gritar que jamais seria vencido. Talvez me tenha tornado de esquerda por todas estas influências... Nunca saberei. A verdade é que o 25 de Abril também sou eu... Parabéns à Democracia, à Liberdade e a Portugal!

Sem comentários: