23 fevereiro 2009

A nossa história


Há coisas que não entendo (ou talvez entenda). É a nossa constante depressão enquanto povo. Somos o país mais antigo da Europa, um dos povos mais homogéneos do mundo, estamos num dos melhores locais do planeta para se viver, mas... teimamos em estar deprimidos. Agora temos a desculpa da crise, antes era porque... simplesmente adoramos ser coitadinhos. Gostamos que tenham pena de nós. Amamos dizer mal de nós próprios. Felizmente já viajei por muitos locais do mundo, mas nunca assisti a tanta auto-flagelação como em Portugal.
O que é estrangeiro é sempre melhor do que é nacional, os outros vivem sempre melhor que nós, etc, etc, etc. É isto que pensamos sempre. É a nossa forma de nos vermos. O que não deixa de ser triste (lá está!). Eu bem tento contrariar este meu povo que me rodeia. Mas basta sair à rua para ver os meus conterrâneos a maldizer o próximo e infelizes consigo próprios. Amigos, acordem! Garanto-vos que estamos num país fantástico com gente fabulosa. Basta animarem-se e tentar ver a vida com mais confiança, mesmo quando as coisas não correm pelo melhor. Acham que têm um mau governo? Os outros são iguais ou piores. Acham que o país não avança? Nos outros a crise também chegou. Está mau tempo? Na Suécia está pior de certeza.
Essa é outra: uma coisa que põe os portugueses deprimidos é a chuva. Algo que também nunca entendi... Se assim fosse com todos os povos, não havia um inglês vivo, um belga vivo, um alemão vivo. Todos cometeriam suicídio!
Para provar o que digo, perguntem a um português isto: "Estás bom?". A resposta em 80% dos casos vai ser uma de duas: "Cá vou andando" (a menos má, mas que denota logo que algo não vai bem) ou "Podia estar melhor (o que significa que a seguir vem aí um lastro de lamúrias)". Isto se não começar a falar imediatamente das suas próprias doenças (mesmo que seja uma simples constipação ou uma mera insónia), de doenças de familiares (há sempre um que vai ser operado a qualquer coisa) ou doenças de amigos (um tem cancro, outro ficou diabético...). Façam a mesma pergunta a um qualquer tipo de outro país, mesmo que seja do Zimbabué, e a resposta vai ser: "Estou bem, e tu?". Simples, não é?

3 comentários:

Anónimo disse...

A maioria dos portugueses nunca terá a possibilidade de correr o Mundo, tal como nós, a minoria, para perceber que aqui não se vive assim tão mal.
Adoro viajar, mas regresso com o mesmo entusiasmo, com que parto, adoro o meu país :-)
Em relação à crise, continuo a fazer o sempre fiz, nunca vivi acima das minhas reais possibilidades...

Anónimo disse...

Maior parte das vezes quando aterro na Portela fico com a sensação que temos tudo para ser um grande país (ao nível dos países com os mesmos km/nº de população), mas falhamos claramente!

Temos três grandes problemas:
1. Temos medo de ser felizes, e quase que somos linchados na praça pública se à pergunta "como vais?", respondermos:"óptimo!"
2. Somos péssimistas porque temos medo que o vizinho do lado seja melhor que nós. Ou seja, somos pessimistas/invejosos.
3. Somos periféricos, geográficamente e na cabeça.

And so on, so on...

TG disse...

Não concordo totalmente contigo. Eu penso que já somos um grande país. Discordo que alguém seja linchado em praça pública por dizer que stá "óptimo". Eu digo-o sempre e nunca fui prejudicado por causa disso.
Concordo ctg quando dizes que somos pessimistas. Acho mesmo que é esse no nosso maior defeito. Mas não concordo que sejamos invejosos por causa disso. Não somos mais nem menos invejosos que os outros povos.
E é verdade que somos periféricos, mas cada vez menos na cabeça. E a prova disso são as mudanças sociais que têm ocorrido nos últimos anos a todos os níveis.