08 julho 2008

Incêndio na Avenida da Liberdade


Há coisas que não entendo. Uma delas é a possibilidade de os proprietários de prédios devolutos poderem esperar que o resto das paredes caiam para poderem fazer especulação imobiliária. Não aprendemos nada com o incêndio do Chiado? Mudem a lei. Se o proprietário não tem dinheiro para recuperar um edifício antigo, a câmara municipal fica com o edifício por um preço razoável. Se houver algum acidente antes da passagem para o município, o proprietário fica automaticamente sem direito a um tostão e o edifício fica logo a ser propriedade camarária. Ninguém tem o direito, mesmo os proprietários, de deixar edifícios cair para ser mais fácil fazer dinheiro em zonas históricas. Já bastou o terramoto de 1755 e de termos tido Abecassis a governar a cidade. Há que a recuperar todos os edifícios antigos de Lisboa e não deixá-los cair ou deitá-los abaixo para construir mamarrachos modernos nas zonas nobres. Que façam "caixotes" lá para Massamá ou para o Seixal, que as pessoas desses sítios já estão habituadas... O incêndio de anteontem na Avenida da Liberdade é mais um sintoma da desertificação do centro de Lisboa e também está ligado ao meu post anterior. Se não há gente a viver nas zonas antigas, o comércio não abre... Se o comércio não abre também não há gente que se desloque a esses locais. É uma pescadnha de rabo na boca... Eu começaria com a obrigatoriedade de abrir o comério todos os dias e com horários alargados por quotas. Com o tempo as pessoas voltavam a viver no centro. Mas o incêndio na mais importante avenida do País, foi apenas mais uma facada que deram à mais bela cidade do mundo.

2 comentários:

Filipe Gil disse...

Concordo contigo. A cidade de Lisboa é das cidades mais mal aproveitadas do MUNDO. Incrível como está deserta à noite e aos domingos. Incrível. Parece que ninguém liga e ninguém viaja para outras cidades europeias e copia os bons exemplos.

PdR disse...

Nao estou certo do que estou a dizer, mas creio que as ultimas decisoes do Dep. de Urbanismo da CML ja' contemplam um pouco o que disseste.
Mas claro, numa cidade, capital, cheia de interesses imobiliarios e' normal que sem colaboracao de todos se facam atentados deste tipo.
E' sempre o cigarro... a instalacao electrica que e' antiga... sempre uma desculpa qualquer para que se deem "acidentes". Sempre se ganha alguma coisa com o seguro do imovel e ja' se pode construir um mamarracho qualquer para escritorios, que nos dias de hoje nao tem qualquer utilidade (dado o grande numero de cidades perifericas - Tagus Park, Quinta da Fonte, etc...).
Afastando-se as pessoas do centro urbano de Lisboa cria-se uma especie de Suburbanismo, que tem como consequencias directas o aumento do consumo de combustiveis (e aumento consequente de dependencias energeticas exteriores), poluicao, nao aproveitamento das estruturas culturais e de entretenimento, stress e tempo para a familia, amigos, parceiros domesticos e afins...

Hoje em dia, com os indicadores economicos no vermelho seria bom que as autarquias conseguissem resolver alguns consensos com forma a aumentar a eficiencia energetica do proprio Pais.
Pensei agora que ate' o facto "produtividade" pode estar relacionado com este "stress" causado pelas migracoes diarias rotineiras entre o trabalho e casa.
Num Pais onde as infraestruturas ainda ficam aquem das necessidades, seria bom que se conseguissem aproveitar ao maximo as existentes.

Pedro